Enfim, chegamos na associação. Contamos a historia pro recepcionista que com cara de "não é problema meu" respondeu "isso é impossivel, não posso dar um quarto pra voces" e eu disse que na verdade, pra nos seria suficiente ficarmos assentadas na escada da recepção porque so precisavamos de um lugar quente e seguro pra passar as proximas 4 horas da madrugada e mais nada. E ele, com a mesma cara, repetiu a palavra "impossivel".
Virei as costas pra ele e comecei a chorar pela segunda vez na noite. Laila tentou me acalmar e disse que tudo ia dar certo. Eu não conseguia sentir outra coisa a não ser o desespero de não saber o que fazer. Enquanto isso o homem disse pra Laila que podiamos ir pra uma estação chamada Perrache que ficava aberta toda a noite e que era quente.
Fomos pegar o metro, era a ultima estação, longe de onde estavamos. Quando chegamos na estação pra ir pra Perrache passamos a considerar a possibilidade de ficar la mesmo, porque ia fechar em pouco tempo, nao ia entrar mais ninguem porque os metros paravam de passar, estariamos seguras e nao fazia frio. Ate chegar um homem e dizer que aquele era o ultimo metro da noite e que deviamos ir nele. Dissemos que queriamos ir pra Perrache, ele disse que nao era aquele e que o ultimo metro pra la ja havia passado. Pensamos: "entao vamos ficar aqui mesmo!" Mas ai chegaram mais dois homens, funcionarios da estacao e disseram "vamos fechar, voces tem que ir embora". Dessa vez a Laila começou a chorar enquanto eu ria de nervoso. Explicamos tudo o que tinha acontecido ate la mais uma vez e disseram tambem pra irmos pra tal de Perrache. Falamos "mas nos não perdemos o ultimo metro?" e eles responderam "é verdade, mas o ultimo onibus pra la passa em 5 minutos". Corremos desesperadas!! (Vou ter que contar isso: um deles me ajudou a subir a escada com a mala e ficou reclamando do peso!! Imaginem so!! Carreguei a noite toda sozinha, com 1,63 e 56kg!!! E um homem mais alto e mais forte quase nao dava conta! Nenhum homem oferece ajuda mesmo pra carregar a mala aqui na França!! Nas estacoes de metro, o tempo todo subimos e descemos muitas escadas quase caindo enquanto varios homens passavam do lado, inclusive policiais e fingiam que nem viam. A unica ajuda que tive foi de uma mulher e a desse que reclamou).
Chegamos no ponto e no painel marcava 9 minutos pro onibus passar. Entao chegou um homem: alto, forte, bebado, com um dos olhos completamente roxo e o rosto todo arranhado pedindo cigarro. Respondi que nao tinhamos e foi o suficiente pra que ele assentasse perto e começasse a conversar. Estamos bem treinadas em fingir de desentendidas, de burras então, melhor ainda! Enquanto ele perguntava em frances, italiano e ingles de onde nos somos e pra onde iamos a gente fazia cara de ponto de interrogação. Estavamos com medo de pegar onibus com ele, ate que ele saiu cambaleando pra comprar cigarro. Olhei o painel de novo e falei "ainda bem! faltam so tres minutos pro onibus chegar, nao vai dar tempo dele voltar". O onibus apontou na esquina e o bebado de olho roxo na outra. Entramos e ele assentou do nosso lado. Continuou tentando conversar, eu nao falava nada e virava o rosto, ele cutucava minha mala pra eu olhar pra ele. Nos chamou de filhas da puta (em frances, que é bem parecido) enquanto ria. Disse pra Laila o que ele falou e que ele tava tao louco que era bem capaz dele descer so quando nos duas descessemos. Rezava pra aquele homem sair dali. Pouco tempo depois ele saiu e comecei a chorar pela terceira vez. De alivio e de panico por saber que a noite ainda nao tinha acabado. Laila falava pra eu ficar calma e eu dizia estava tentando mas nao sabia o que iamos fazer se a tal de Perrache estivesse fechada. Estavamos indo pro lado oposto de onde nosso trem saia de manha, em torno de uma da madrugada, dentro do ultimo onibus. Se estivesse fechada nao teriamos nem onibus, nem metro, nem bondinho, nem taxi, NADA pra ir pra lugar nenhum. Sem contar que era a nossa ultima esperança de onde ficar.
Virei as costas pra ele e comecei a chorar pela segunda vez na noite. Laila tentou me acalmar e disse que tudo ia dar certo. Eu não conseguia sentir outra coisa a não ser o desespero de não saber o que fazer. Enquanto isso o homem disse pra Laila que podiamos ir pra uma estação chamada Perrache que ficava aberta toda a noite e que era quente.
Fomos pegar o metro, era a ultima estação, longe de onde estavamos. Quando chegamos na estação pra ir pra Perrache passamos a considerar a possibilidade de ficar la mesmo, porque ia fechar em pouco tempo, nao ia entrar mais ninguem porque os metros paravam de passar, estariamos seguras e nao fazia frio. Ate chegar um homem e dizer que aquele era o ultimo metro da noite e que deviamos ir nele. Dissemos que queriamos ir pra Perrache, ele disse que nao era aquele e que o ultimo metro pra la ja havia passado. Pensamos: "entao vamos ficar aqui mesmo!" Mas ai chegaram mais dois homens, funcionarios da estacao e disseram "vamos fechar, voces tem que ir embora". Dessa vez a Laila começou a chorar enquanto eu ria de nervoso. Explicamos tudo o que tinha acontecido ate la mais uma vez e disseram tambem pra irmos pra tal de Perrache. Falamos "mas nos não perdemos o ultimo metro?" e eles responderam "é verdade, mas o ultimo onibus pra la passa em 5 minutos". Corremos desesperadas!! (Vou ter que contar isso: um deles me ajudou a subir a escada com a mala e ficou reclamando do peso!! Imaginem so!! Carreguei a noite toda sozinha, com 1,63 e 56kg!!! E um homem mais alto e mais forte quase nao dava conta! Nenhum homem oferece ajuda mesmo pra carregar a mala aqui na França!! Nas estacoes de metro, o tempo todo subimos e descemos muitas escadas quase caindo enquanto varios homens passavam do lado, inclusive policiais e fingiam que nem viam. A unica ajuda que tive foi de uma mulher e a desse que reclamou).
Chegamos no ponto e no painel marcava 9 minutos pro onibus passar. Entao chegou um homem: alto, forte, bebado, com um dos olhos completamente roxo e o rosto todo arranhado pedindo cigarro. Respondi que nao tinhamos e foi o suficiente pra que ele assentasse perto e começasse a conversar. Estamos bem treinadas em fingir de desentendidas, de burras então, melhor ainda! Enquanto ele perguntava em frances, italiano e ingles de onde nos somos e pra onde iamos a gente fazia cara de ponto de interrogação. Estavamos com medo de pegar onibus com ele, ate que ele saiu cambaleando pra comprar cigarro. Olhei o painel de novo e falei "ainda bem! faltam so tres minutos pro onibus chegar, nao vai dar tempo dele voltar". O onibus apontou na esquina e o bebado de olho roxo na outra. Entramos e ele assentou do nosso lado. Continuou tentando conversar, eu nao falava nada e virava o rosto, ele cutucava minha mala pra eu olhar pra ele. Nos chamou de filhas da puta (em frances, que é bem parecido) enquanto ria. Disse pra Laila o que ele falou e que ele tava tao louco que era bem capaz dele descer so quando nos duas descessemos. Rezava pra aquele homem sair dali. Pouco tempo depois ele saiu e comecei a chorar pela terceira vez. De alivio e de panico por saber que a noite ainda nao tinha acabado. Laila falava pra eu ficar calma e eu dizia estava tentando mas nao sabia o que iamos fazer se a tal de Perrache estivesse fechada. Estavamos indo pro lado oposto de onde nosso trem saia de manha, em torno de uma da madrugada, dentro do ultimo onibus. Se estivesse fechada nao teriamos nem onibus, nem metro, nem bondinho, nem taxi, NADA pra ir pra lugar nenhum. Sem contar que era a nossa ultima esperança de onde ficar.
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