domingo, 15 de fevereiro de 2009

PARTE 1

Oi meus benzinhos!!!
Sei que ainda falta muita coisa pra atualizar e esse blog ta cheio de lacunas... vai ficar mais perdido ainda depois de agora! Mas escrevi esse texto e depois de lerem vão estar bem pertinho do que esta sendo o meu hoje... Não se assustem (principalmente pai e mãe) e leiam certinho: primeira parte, depois segunda, e por ai vai. Ta bem grandinho...
Um beijo e espero conseguir postar os videos antigos antes da minha volta!!! La vai:

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Ontem eu perdi 40 euros...

Antes disso, minha tristeza foi ler placas com o escrito "fermé" no musée Rodin. Estava entre as minhas maiores vontades em Paris. Poder ver de perto as obras desse artista que entrou na minha vida tão cedo... Onze, doze anos, cursinho de frances da mamae, filme Camille Claudel (assistam!!!).
Queria ver e reviver o fascinio que seu talento me causou. E sentir de novo o impacto do absurdo louco amor de Camille, que diferente da verdadeira conjugação de amar, a fez perder o sentido da vida.

Perdi por falta de atenção, planejamento ou qualquer outra dentre as hipoteses que vem acompanhadas de "se", seguidas por "eu" e somadas a um verbo qualquer. Mas, como diz meu pai, "se" não existe e o motivo dessa e de tantas outras perdas que acontecem no passar dos dias (e que seriam facilmente evitadas) são e serão sempre desconhecidos.

O fato é que era bem significante pra mim, pra minha viagem. Ia um bocado além de visitar um museu...

De la o combinado era encontrar com a Laila no Louvre. Não queria ir pra la pra baixo e acabar prejudicando outra coisa importante. Pra distrair a chateação liguei para o meu outro "L", que tem significado de amor, colo e paz. E esta sempre entre os minutos, horas e euros mais bem gastos dessa viagem. E assim foi... Me recuperei da frustração e fui encontrar com a Laila. Vi as pinturas do inicio querendo ver as esculturas do Rodin e da Camille, mas não demorou pra entrar no clima e conseguir estar inteira la. O pouco que pudemos conhecer ja fez valer um bocado toda a viagem pra Paris. As esculturas gregas e romanas arrepiam e dão lagrimas nos olhos, sem uma letra de exagero. Não é a toa que eram as salas mais repletas de estudantes de artes no chão, ao pe das esculturas, fascinados, fazendo desenhos tomarem lugar no papel branco. Lindo, lindo, lindo!

Nosso dia foi uma correria do inicio ao fim. Mal sabiamos que estava apenas começando...
Saimos do Louvre pro hostel, pegamos a mala e fomos rumo à estação de trem. Era nosso ultimo dia dos 5 que passamos em Paris. Partimos pra comunidade que nos receberia por duas semanas. Nossa chegada estava marcada pro dia 10, mas o blihete mais barato que conseguimos era pro dia 9, às 19:54 e mesmo assim foi bem caro!! Quase 70 euros pra viajar de TGV (train à grande vitesse) dentro do mesmo pais!!! Pagamos 30 euros de avião de Lyon pra Roma!! Não da pra conformar, mas era a unica opcao. Entao nao queriamos nem podiamos pagar por mais uma noite em Paris. Depois de uma madrugada na estação de Praga, uma noite no aeroporto de Genebra, passar uma noite na gare de Lyon soava quase como normal. De la iamos pegar o primeiro trem pra cidade em que o pessoal da comunidade ia nos buscar. Entao esse era o plano: noite na estação, primeiro trem da manha. Chegariamos as 23:00, o primeiro trem era 5 e alguma coisa. Mas chegamos e as coisas nao começaram muito bem.

No trem descobri que havia perdido o dinheiro. Fiquei mal, estamos no ultimo mes da nossa viagem, com cada centavo contado e esse dinheiro faria muita diferença. Na estação liguei pra minha mãe e numa mistura de saudade, preocupação e culpa, chorei pela primeira vez na noite. Mas ganhei o colo e a segurança que precisava pra ficar melhor e encarar a noite cansativa que ja sabia ter pela frente. A estação era muito fria e não tinhamos achado um lugar bom pra ficar. Tinhamos dois pães de sal com manteiga no estomago, uma xicara de cafe e mais nada porque tomamos cafe da manha no hostel, saimos, passamos a tarde no Louvre, voltamos pra pegar a mala e so tivemos tempo de parar dentro do trem. Eram mais de onze da noite. Tudo fechado. Desliguei o telefone com minha mãe e fui cuidar das malas enquanto a Laila procurava um canto que pudessemos ficar. Alguns minutos depois ela voltou com uma cara que me fez perguntar imediatamente "o que aconteceu?". Ouvi "a estação fecha meia noite e nos não podemos ficar aqui". E esse foi o primeiro "o que nos vamos fazer?" da noite.

Pensamos juntas em esconder em algum lugar, trancar no banheiro, sei la! Laila saiu pra dar uma olhada e pouco tempo depois vi dois caras conversando com ela e chegando perto quando ela parecia querer sair. Eu não sabia o que fazer e nem o que tava acontecendo. Se estavam dando informação ou criando problema. Não podia deixar as malas sozinhas e sentia muito medo do que eles queriam fazer. Gritei a Laila pra mostrar que ela não estava sozinha mas me pareceu não terem ouvido. Alguns segundos depois a Laila começou a voltar e eles sairam de perto. Senti alivio até ela contar que eles perguntaram se estavamos perdidas, disseram que nos viram sozinhas e que podiamos dormir na casa deles, ela e a "irmã", terminando com a pergunta "voces fumam maconha?". Disseram tudo isso enquanto a Laila fingia não entender uma so palavra. A Laila disse que tava com muito medo. Eu também tava. Mas disse pra ela que eu ia falar com o cara da estação, pedir pelo amor de Deus, o que fosse preciso. Chegamos com dicionario na mao (o cara so falava frances) e muita esperança de que fosse dar certo.

Começamos a perguntar mas o frances nao saia e nem o cara tinha paciencia pra entender. Chamou outra funcionaria que falava ingles. Explicamos pra ela toda a historia e ouvimos a mesma resposta de que nao poderiamos ficar. Ela sugeriu um hotel, mas nao tinhamos dinheiro e nem fazia sentido pagar duas diarias pra passar 4 horas e meia ate o horario do 1º trem! Eu tinha perdido dinheiro, sobrou pouco em euro e o resto que tinha tava em franco suiço, nao tinha casa de cambio aberta a essa hora. Entao a moça nos passou um endereço de uma associação perto dali que afirmou ser segura e que nos receberia. Fomos à procura. Andamos cerca de 10 minutos carregando mala pesada sozinhas, meia noite, tudo fechado, quase ninguem na rua, numa cidade que nao conheciamos absolutamente NADA. Fora o desespero de não saber se iamos conseguir um lugar pra passar a noite.

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