Eu não conseguia acreditar como aqueles homens foram capazes de nos mandar pra la!!! O que mais me doi e revolta é a crueldade que esta por tras disso. é lembrar daquele homem que dizia "impossivel" pro nosso pedido de ficar ali por 4 horas, nas ESCADAS, até podermos pegar o primeiro trem e que depois de negar, me ver chorar, nos ver desesperadas sem ter pra onde ir ainda foi capaz de nos mandar para o pior lugar que poderiamos ir, pro fundo do poço mesmo. Depois ainda apareceram mais dois pra reforçar. Dificil acreditar que tres trabalhadores, homens normais que poderiam ter filhas da nossa idade na mesma situação, conseguem ser frios o suficiente pra nos mandar pro buraco, completamente vulneraveis a todos os riscos dali e depois deitarem a cabeça no travesseiro e dormir.
Djidar disse que é o que ele mais ve na França. Se voce é um estranho, não importa o que seja: mulher, estrangeira, estudante, eles não fazem a menor questão e muito menos se sentem na obrigação de ajudar alguém em apuros simplesmente pelo fato de não conhecer. Pra completar ele ainda disse que quando entramos no hotel e pedimos pra ficar porque um homem nos seguia, o tal cliente (jovem, provavelmente estudante ou recem-formado) perguntou a ele com tom de desprezo: "voce vai deixar elas ficarem aqui?", quando Djidar respondeu que sim o cliente completou "mas voce tem permissão pra isso?" e Djidar disse "essas meninas estão sozinhas e correndo perigo caso não fiquem aqui, então resolvi que a partir de agora eu sou responsavel por elas e voce nao precisa se preocupar com isso". Não sei se o problema é da França, so sei que, mesmo sabendo que de gente ruim o mundo esta cheio, nao consigo imaginar isso acontecendo no Brasil, acho que so bandidos seriam capazes do que fizeram e de tanta frieza.
Djidar nos deu cha, pudemos finalmente comer o pão e o presunto que tinhamos comprado, perguntou se queriamos ligar para o Brasil, se estavamos com sono, arrumou duas caminhas numa sala pra que pudessemos descansar. Olhou o horario do primeiro trem, ofereceu pagar o bilhete do onibus ate a estação. Dormimos, ele nos acordou a tempo de tomar cafe pra pegar o onibus. Ja tinha cha quente nos esperando. Acordei com a garganta fechada, rouca, tossindo, ele me deu mel, perguntou se queriamos uma fruta pra levar e nos deu a maçã mais saborosa que ja comi na vida.
Chegamos na estação e compramos o bilhete pra Vallance, cidade perto da comunidade onde trocariamos de trem pra Saint-Marcellin. O funcionario nos vendeu para o trem que ja estava prestes a passar, mas demorou tanto pra fazer tudo que quando chegamos na plataforma ja tinhamos perdido. Trocamos o bilhete e tivemos que esperar por mais uma hora. Dessa vez o destino era Grenoble. O trem chegou e quando entrei ficava pensando como era possivel que a nossa ida pra um lugar de tanta paz e bondade poderia ter sido esse inferno. O trem chegou em Grenoble alguns minutos atrasado e o trem que fariamos conexao pra Saint-Marcellin estava pontual e por isso perdemos de novo e dessa vez esperamos por mais de uma hora. A sala de espera estava fedendo alcool da respiração de algum bebado. Meu estomagao dava voltas e voltas e nao dei conta de ficar la. A Laila conseguiu, deitou na mala e dormiu. Eu fui pras cadeiras no meio da estação, pus o capuz do casaco tampando a cara e fiz o mesmo. Acordei dez minutos antes do trem, chamei a Laila e partimos pra Saint-Marcellin. Chegando la esperamos por alguem da comunidade, que fica numa vila, 12 km dessa cidadezinha que descemos.
Chegou o Ingo, alemão, 18 anos. Veio pra comunidade pra trabalhar como voluntario em troca de prestar serviço pro exercito alemão.Conversamos enquanto eu via as paisagens lindas ao longo da estrada. Fomos chegando na Arche, que parece um castelo! Conhecemos o nosso quarto e eu nao conseguia acreditar na vista: embaixo vemos o jardim, ao longo da vista tem o campo verde, arvores, casinhas e la no final toda a imensidao dos Alpes, com os topos brancos de neve. Abracei a Laila e dei graças a Deus. Tomamos um banho, fomos almoçar. Comida perfeita! Fomos apresentados pra todos que sorriam nos desejando boas vindas. Cantaram antes de comer, tao lindo que me fez arrepiar. Conhecemos dois brasileiros e varios franceses (bem diferentes dos anteriores), alguns italianos, todos um doce! E isso aqui parece um pedacinho do ceu!
Obrigada Gabrielzito, meu amigo do coração, por me fazer vir pra ca!
Ainda não me conformo muito por termos passado por tudo o que passamos. Ainda me doi lembrar do medo, da nossa vulnerabilidade, do desespero de nao termos pra onde ir nem saber o que fazer, de estarmos sozinhas, longe de casa, longe da nossa terra, das pessoas que nos amam e fariam de tudo pra nos proteger. Mas ao mesmo tempo vejo o quanto somos abençoadas, nada de grave nos aconteceu apesar de tudo, estamos vivas, inteiras e em um lugar repleto de paz, de energia linda e acredito, mais do que nunca, que quando for preciso, um anjo vai aparecer no meu caminho, em forma de Djidar ou em outra forma qualquer, porque tenho a proteção dos ceus comigo, sempre.
Quis contar toda essa historia por imaginar que dividir essa experiencia possa talvez ajudar alguem de alguma forma, algum dia.
E pra dizer que se às vezes temos motivo pra pensar que o mundo não tem mais solução, temos muito mais pra acreditar que ainda existem pessoas, lugares, almas e sentimentos puros e belos que fazem com que a vida aqui continue fazendo sentido e valendo a pena.
Talvez nunca possamos retribuir ao Djidar o bem que ele nos fez, mas de tudo o que aprendemos nessa viagem sem duvida o mais importante foi que se voce nao pode dar de volta, passe pra frente!!!
Façam isso!
Beijo no coração,
Larissa, Lala, La, Lazinha, Preta, Norahzinha...
Cada vez mais forte!
Djidar disse que é o que ele mais ve na França. Se voce é um estranho, não importa o que seja: mulher, estrangeira, estudante, eles não fazem a menor questão e muito menos se sentem na obrigação de ajudar alguém em apuros simplesmente pelo fato de não conhecer. Pra completar ele ainda disse que quando entramos no hotel e pedimos pra ficar porque um homem nos seguia, o tal cliente (jovem, provavelmente estudante ou recem-formado) perguntou a ele com tom de desprezo: "voce vai deixar elas ficarem aqui?", quando Djidar respondeu que sim o cliente completou "mas voce tem permissão pra isso?" e Djidar disse "essas meninas estão sozinhas e correndo perigo caso não fiquem aqui, então resolvi que a partir de agora eu sou responsavel por elas e voce nao precisa se preocupar com isso". Não sei se o problema é da França, so sei que, mesmo sabendo que de gente ruim o mundo esta cheio, nao consigo imaginar isso acontecendo no Brasil, acho que so bandidos seriam capazes do que fizeram e de tanta frieza.
Djidar nos deu cha, pudemos finalmente comer o pão e o presunto que tinhamos comprado, perguntou se queriamos ligar para o Brasil, se estavamos com sono, arrumou duas caminhas numa sala pra que pudessemos descansar. Olhou o horario do primeiro trem, ofereceu pagar o bilhete do onibus ate a estação. Dormimos, ele nos acordou a tempo de tomar cafe pra pegar o onibus. Ja tinha cha quente nos esperando. Acordei com a garganta fechada, rouca, tossindo, ele me deu mel, perguntou se queriamos uma fruta pra levar e nos deu a maçã mais saborosa que ja comi na vida.
Chegamos na estação e compramos o bilhete pra Vallance, cidade perto da comunidade onde trocariamos de trem pra Saint-Marcellin. O funcionario nos vendeu para o trem que ja estava prestes a passar, mas demorou tanto pra fazer tudo que quando chegamos na plataforma ja tinhamos perdido. Trocamos o bilhete e tivemos que esperar por mais uma hora. Dessa vez o destino era Grenoble. O trem chegou e quando entrei ficava pensando como era possivel que a nossa ida pra um lugar de tanta paz e bondade poderia ter sido esse inferno. O trem chegou em Grenoble alguns minutos atrasado e o trem que fariamos conexao pra Saint-Marcellin estava pontual e por isso perdemos de novo e dessa vez esperamos por mais de uma hora. A sala de espera estava fedendo alcool da respiração de algum bebado. Meu estomagao dava voltas e voltas e nao dei conta de ficar la. A Laila conseguiu, deitou na mala e dormiu. Eu fui pras cadeiras no meio da estação, pus o capuz do casaco tampando a cara e fiz o mesmo. Acordei dez minutos antes do trem, chamei a Laila e partimos pra Saint-Marcellin. Chegando la esperamos por alguem da comunidade, que fica numa vila, 12 km dessa cidadezinha que descemos.
Chegou o Ingo, alemão, 18 anos. Veio pra comunidade pra trabalhar como voluntario em troca de prestar serviço pro exercito alemão.Conversamos enquanto eu via as paisagens lindas ao longo da estrada. Fomos chegando na Arche, que parece um castelo! Conhecemos o nosso quarto e eu nao conseguia acreditar na vista: embaixo vemos o jardim, ao longo da vista tem o campo verde, arvores, casinhas e la no final toda a imensidao dos Alpes, com os topos brancos de neve. Abracei a Laila e dei graças a Deus. Tomamos um banho, fomos almoçar. Comida perfeita! Fomos apresentados pra todos que sorriam nos desejando boas vindas. Cantaram antes de comer, tao lindo que me fez arrepiar. Conhecemos dois brasileiros e varios franceses (bem diferentes dos anteriores), alguns italianos, todos um doce! E isso aqui parece um pedacinho do ceu!
Obrigada Gabrielzito, meu amigo do coração, por me fazer vir pra ca!
Ainda não me conformo muito por termos passado por tudo o que passamos. Ainda me doi lembrar do medo, da nossa vulnerabilidade, do desespero de nao termos pra onde ir nem saber o que fazer, de estarmos sozinhas, longe de casa, longe da nossa terra, das pessoas que nos amam e fariam de tudo pra nos proteger. Mas ao mesmo tempo vejo o quanto somos abençoadas, nada de grave nos aconteceu apesar de tudo, estamos vivas, inteiras e em um lugar repleto de paz, de energia linda e acredito, mais do que nunca, que quando for preciso, um anjo vai aparecer no meu caminho, em forma de Djidar ou em outra forma qualquer, porque tenho a proteção dos ceus comigo, sempre.
Quis contar toda essa historia por imaginar que dividir essa experiencia possa talvez ajudar alguem de alguma forma, algum dia.
E pra dizer que se às vezes temos motivo pra pensar que o mundo não tem mais solução, temos muito mais pra acreditar que ainda existem pessoas, lugares, almas e sentimentos puros e belos que fazem com que a vida aqui continue fazendo sentido e valendo a pena.
Talvez nunca possamos retribuir ao Djidar o bem que ele nos fez, mas de tudo o que aprendemos nessa viagem sem duvida o mais importante foi que se voce nao pode dar de volta, passe pra frente!!!
Façam isso!
Beijo no coração,
Larissa, Lala, La, Lazinha, Preta, Norahzinha...
Cada vez mais forte!
Acho que há males que existem pra dar mais força às bondades, pra gente ver o tanto que o Amor é mais forte do que qualquer coisa no mundo. E amar sem esperar nada em troca é a coisa mais bela que existe.
ResponderExcluirQue Deus abençoe o Djidar e a vocês duas nessa viagem. E perdoe aqueles que ainda não sabem o que é amar.
Beijo com imensa saudade,
Lucas.
Nossa...
ResponderExcluirnao gosto nem de imaginar o q vcs passaram...
o pior q sempre pensamos q nunca ira acontecer conosco...
mas felismente vcs estao bem e felizes...
e graças a Deus existe almas boas nesse mundo tbm...
aproventem bastante...
Saudade d+
Dany